Passagem só de ida para o paraíso,
preciso de uma estadia na Lua, qualquer canto, lugar onde se possa respirar
ouvindo a pulsação, e não precisar pensar mais que o suficiente para criar algo
útil ou reinventar inutilidades. Quero a canção do Sol nascendo e o calor dos
pássaros úmidos, quem sabe uma cabana com folhas de laranjeira na beira do
rochedo.
Qualquer canto ou lugar que me tire do comum e da fragilidade e
simpatia exagerada dos sorrisos cotidianos, das sílabas frias e bocas
manipuladas que me perguntam sobre a vida, qualquer pedaço de vento onde se possa
observar sem ser denominado narrador ou espectador.
