Plagiado

Estava lá na mira, na linha de tiro. Sem fôlego, sem oxigênio, sem esperanças e sem paixão. Não pensava em nada e não lembrava a voz de quem o abençoava.

Traçou a vida para ser médico, virou ambulante.


Queria mais da sua trajetória, queria ter viajado, ter se apaixonado, queria ter bebido e se aventurado, nada fez. Nem sequer conseguia se arrepender, tamanho seu egoísmo e indignação. Só conseguia olhar para quem o estava castigando, seu carrasco, sem roupa, sem rosto, sem identidade alguma, era um vulto que o assombrava, o vulto do seu próprio medo, era o ódio personificado; o ódio de ter a ânsia de ser tudo e acabar sem forças, jogado ao destino. Foi o seu destino, foi a sua escolha. Esperava que a vida lhe trouxesse tudo, virou refém de si mesmo.